Investigados por golpe obtiveram informações da delação de Mauro Cid
Embora o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tenha retirado o sigilo do relatório da PF hoje (26), manteve-o no caso da delação premiada de Mauro Cid. Uma decisão do ministro no ano passado também proibiu qualquer tipo de contato dele com o ex-presidente, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e investigados nos inquéritos sobre a tentativa de golpe.
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“O conteúdo indica se tratar de respostas dadas por MAURO CID a questionamentos feitos por alguém, possivelmente do grupo investigado, que aparenta preocupação sobre temas identificados pela Polícia Federal relacionados à tentativa de golpe de Estado”, diz um dos trechos do relatório da PF.
A primeira pergunta feita na troca de mensagens é: “Teor das reuniões. O que foi delatado?”. A resposta é dada na primeira pessoa do singular, o que indica ter sido escrita ou repassada por Mauro Cid, segundo a PF: “Nada... Eu não entrava nas reuniões. Só colocava o pessoal para dentro”.
A segunda pergunta é sobre a minuta do Artigo 142, se existe algum documento físico. A resposta mostra preocupação com o alcance das investigações da Polícia Federal: “Eles sabem de coisas que não estavam em lugar nenhum (e-mail, celular etc).” E a terceira pergunta se refere especificamente a Filipe Martins, ex-assessor internacional de Bolsonaro. Como resposta, é dito: “Sabem dele por outros meios.”
Outras perguntas
A pessoa responsável por tentar obter informações sigilosas da delação premiada de Mauro Cid questiona ainda se há “outras informações”. E recebe como resposta uma série de tópicos em sequência, que a PF reforça terem sido passadas pelo próprio Mauro Cid:
“- Perguntaram muito do General Mário
- AM é "birrento". Ele não ia soltar o Cordeiro. ‘Meu advogado é que teve que intervir’
- Ressentimento com a parte política da direita: Rogério Marinho
- Perguntaram sobre o Flávio: aliviou
- Não falou nada sobre os Gen Heleno e BN
- GBN não é golpista, estava pensamento democrático de transparência das urnas”
No relatório, a PF esclarece que as siglas “AM” se referem a Alexandre de Moraes enquanto as siglas “GBN” ou “BN” falam do General Braga Netto. A conclusão da PF sobre essa troca de informações é de que o “contexto do documento é grave”.
“O contexto do referido documento confirma que o grupo criminoso praticou atos concretos para ter acesso ao conteúdo do acordo de colaboração firmado por MAURO CESAR CID com a Polícia Federal. Ademais, cabe ressaltar que o documento estava na mesa do coronel PEREGRINO, assessor do general BRAGA NETTO, figura central nos atos que tinham o objetivo de subverter o regime democrático no Brasil logo, pessoa interessada em saber o conteúdo do que fora revelado pelo colaborador”, diz um trecho do relatório.
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